quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

São Paulo FC - Da Origem Tricolor aos anos 90

As origens tricolores (1900-1935)      

O Tricolor do Morumbi, como conhecemos hoje, nasceu em 1935, mas a paixão de um grupo de paulistanos pelo esporte vem de antes. Mais precisamente do último ano do século XIX, em 1900, quando foi fundado o Clube Atlético Paulistano.
     O Paulistano era o "bicho-papão" do início do século. Jogar contra o time de Friedenreich era um orgulho, e o time ia frequentemente ao interior atendendo a convites. Também foi a primeira equipe a fazer uma excursão à Europa, em 1925. Contudo, o clube não aceitava que seus jogadores se profissionalizassem, e resolveu acabar com o departamento de futebol para não abandonar a Liga amadora à qual pertencia.
     E o que fazer com a paixão dos sócios aficionados por futebol? O mesmo problema tinha acabado com o futebol da Associação Atlética das Palmeiras (clube alvinegro que só tem o mesmo nome dos rivais do tricolor). E em 1930, nasceu o São Paulo da Floresta, com jogadores e as cores vermelha e branca vindos do Paulistano (cracaços como Araken, Friedenreich e Waldemar de Brito), e com o branco e o negro cedido pelo A.A. Palmeiras. Da união, também veio o nome: São Paulo da Floresta. O primeiro presidente do São Paulo da Floresta foi eleito pelos sócios: o dr. Edgard de Souza.
     No mesmo ano, um vice-campeonato já dava sinais da glória destinada ao clube. E na temporada seguinte, chegaria o primeiro troféu, com Nestor (Joãozinho); Clodô e Barthô; Milton, Bino e Sasse; Luizinho, Siriri (Armandinho), Fried, Araken e Junqueirinha, e Rubens Salles de técnico. E em 1933, o São Paulo da Floresta bateria o Santos por 5 x 1 na primeira partida de futebol profissional do Brasil.
     Só que devido a uma pendência financeira pela compra de uma sede na rua Conselheiro Crispiniano - um palacete chamado de Trocadero - o São Paulo da Floresta se complicou com dívidas e viu-se obrigado a procurar uma fusão com o Tietê, que determinou que não se usassem cores, uniformes e vários outros símbolos do São Paulo da Floresta. E no dia da extinção oficial do clube - 14 de maio de 1935 - o amor de alguns sócios pela entidade manteve-a viva criando o nosso São Paulo de hoje. Em 4 de junho daquele ano, nascia o Clube Atlético São Paulo, que em 16 de dezembro, passaria a ser o São Paulo Futebol Clube.
     Manoel do Carmo Meca foi o primeiro presidente e os outros fundadores do Mais Querido foram: Cid Mattos Viana, Francisco Pereira Carneiro, Eólo Campos, Manoel Arruda Nascimento, Izidoro Narvais Caro, Francisco Ribeiro Carril, Porphírio da Paz, Eduardo Oliveira Pirajá, Frederico A G. Menzen, Francisco Bastos, Sebastião Gouvêa, Dorival Gomes dos Santos, Deocleciano Dantas de Freitas e Carlos A. Azevedo Salles Jr.

Finalmente, o São Paulo FC (1935-1940)

     Todas as dificuldades não conseguiam acabar com o São Paulo, mas o renascimento de 1935 foi mais difícil. Os grandes craques tinham saído e o primeiro time foi formado com atletas vindos de outras cidades, como King e Segoa. Logo na partida que marcaria a primeira entrada em campo do clube, mais dificuldades. Uma festa oficial (era aniversário da capital) proibia manifestações públicas, mas Porphyrio da Paz - responsável pelo hino do São Paulo - foi à luta e conseguiu uma autorização do secretário Cantídio Campos, para que o time pudesse enfrentar a Portuguesa Santista.
     E como o hino de Porphyrio já dizia, "Tu és forte, tu és grande". Para atender a vocação vencedora do time, uma nova fusão trouxe para o Tricolor os jogadores de uma outra dissidência do Paulistano - o Estudante Paulista. E com um time à altura, só não venceu seu primeiro título paulista, em 1938, porque o juiz deu um gol de mão do atacante Carlito, e o Corinthians chegou ao empate e ao título. Mesmo assim, o clube só crescia, não apenas melhorando o futebol, mas também estimulando a prática esportiva em esportes variados. Eram os alicerces de um futuro vencedor.
     A década de 1940 foi particularmente brilhante para o Tricolor. A pouca idade da associação não era suficiente para saciar a fome de glórias. E em 1942, chega do Rio de Janeiro um craque consagrado - Leônidas da Silva, o "Diamante Negro", e um dos maiores jogadores brasileiros de todos os tempos. Já bastava, mas não parou por aí. O Tricolor passou a ser um show de estrelas, com as chegadas de gigantes como Sastre, Bauer, Noronha, Rui, Teixeirinha, Luizinho e Zezé Procópio.
      Os adversários tentaram, mas naquela década, já não tinha para mais ninguém. Foram cinco títulos em dez anos, com direito a dois bicampeonatos: 1943 (numa deliciosa conquista que interrompeu a dobradinha Palestra Itália-Corinthians), 1945, 1946, 1948 e 1949. Em 1945, a taça chegou com uma única derrota e no ano seguinte, o Tricolor comemorou o campeonato invicto!
  



Zizinho e os anos do investimento no estádio 

A construção do Morumbi
Manter o ritmo da década de 40 não era possível, mas nem por isso o São Paulo ficou sem vencer. Durante a década em que o Brasil chegaria ao título Mundial, o Tricolor faturaria mais dois troféus - ambos em cima do rival Corinthians: um em 1953 e outro em 1957.

Na conquista de 1957, o São Paulo seria comandado pelo veterano craque Zizinho, que chegara do Rio de Janeiro aos 35 anos e calou a boca de quem apostava que seu futebol genial tinha chegado ao fim. Ziza não corria como dez anos antes, mas tinha gás de sobra para liderar o time do técnico húngaro Bela Gutman.
     A conquista do Paulista foi a última antes de um passo de gigante que o Tricolor daria: a construção do estádio do Morumbi, um feito que nenhum outro time brasileiro poderia sonhar. Junto com isso, no Santos estava começando a trajetória de Pelé, que faria do clube da Baixada um dos maiores do Brasil e do Mundo. Era hora de reservar forças para investir no futuro. 
      A torcida são-paulina não teve vida fácil na década de 60, mas sabia que valeria a pena. Os recursos do Tricolor eram consumidos na construção do sonho do estádio, e as contratações de estrelas rarearam. Só que nem o cinto apertado evitava que surgissem talentos de primeira, como Roberto Dias e Jurandir, que eram a pedra no sapato de Pelé e do Santos. O time da Vila dava surras em todo mundo, mas diante do São Paulo, virava um time pequeno. Memorável foi a partida em que o Mais Querido fez com que o Peixe simulasse um "cai-cai" para não sofrer uma goleada devastadora.
 Primeiros anos do Morumbi


Estádio pronto, craques e títulos de volta 

1970: com o final da construção do gigante de concreto, que ganhou o nome do presidente Cícero Pompeu de Toledo, a diretoria se mexeu e voltou à rotina da contratação de craques. E olha que não foi só um. Gérson e Pedro Rocha eram alguns dos talentos que aportaram no Morumbi, e o resultado não podia ser outro: fim do jejum, com mais um Paulistão, e com direito a bis no ano seguinte. Um bis saboroso, porque a final foi contra o Palmeiras.
     Com a criação do Campeonato Brasileiro, o São Paulo encontrava mais um torneio para poder desfilar sua categoria. E além disso, o jejum agora era do Corinthians, que agonizava sem vencer nada, e o Santos não tinha mais Pelé. Em 1974, o Tricolor chegou à final da Libertadores, mas perdeu para o então imbatível Independiente.
     Estava se construindo um time campeão. Pedro Rocha, Chicão e Valdir Peres eram alguns dos nomes que faziam parte do grupo campeão Paulista. Mas a conquista maior seria mesmo em 1977, com os três heróis, ao lado do artilheiro Serginho Chulapa, na conquista do Brasileiro em pleno Mineirão, sob a batuta de Rubens Minelli.

A Era Telê: o São Paulo conquista o planeta 

Após um período de tantas vitórias, todos apostavam numa fase descendente do São Paulo. E o time deu mesmo essa impressão. Em 1990, o time não engrenou. E para pôr ordem na casa, o time chamou o técnico Telê Santana, que ainda carregava a fama de "perdedor". O casamento entre São Paulo e Telê seria a união de maior sucesso na história do clube.
    Telê chegou ao Morumbi em 1990, a tempo de levar o time à final do Brasileiro, vencida pelo Corinthians. Mas não foi nada. No ano seguinte, a vingança seria contra o mesmo Corinthians, só que no Campeonato Paulista. Um verdadeiro azar para os adversários, pois Telê lapidou seu time para arrasar nas finais.
     Em 1991, O São Paulo já tinha a cara de Telê. O velho mestre soube como fazer o talento de Raí explodir, e não havia equipe brasileira que pudesse parar aquele time inteligente, leal e que pressionava o adversário durante 90 minutos. Depois de três finais de Brasileiro consecutivas, o São Paulo conquistaria seu terceiro título em cima do Bragantino de Carlos Alberto Parreira. Poucos acreditariam no que estava se armando.
     Campeão Brasileiro, o São Paulo de Telê, Zetti e Raí começou a Libertadores como quem não quer nada, mas foi evoluindo durante a competição. No primeiro jogo da final, em Buenos Aires, o Newell's Old Boys venceu por 1 x 0, mas a torcida sabia que nada poderia segurar o time. No jogo de volta, uma cena inédita: horas antes do jogo, o Morumbi já não tinha lugar para mais ninguém, mas a torcida continuava chegando. As vias de acesso ao estádio ficaram entupidas. E empurrado por um estádio apinhado, finalmente o título da Libertadores, nos pênaltis!
     O sonho do Mundial Interclubes em Tóquio finalmente chegara. O adversário era o Barcelona de Johann Cruyff - considerado o melhor Barcelona de todos os tempos- com cracaços como Koeman, Stoichkov e Laudrup. O Barcelona sai na frente, mas com dois gols de Raí, o mundo se curvava à obra de arte do time de Telê Santana. O São Paulo era o melhor time do mundo. "Se você tem de ser atropelado, é melhor que seja por uma Ferrari", disse Cruyff, após a partida, sobre a superioridade tricolor. Na volta, o São Paulo fez mais uma vítima, na final do Paulista: o Palmeiras, que amargava uma fila de 16 anos.
     Raí ficou no São Paulo somente o suficiente para vencer mais uma Libertadores, contra o Universidad Católica. Deixou o clube para conquistar a França, mas foi substituído com outros craques. Telê remontou o São Paulo sem Raí para manter o título Mundial em Tóquio, pela segunda vez consecutiva. O adversário era o Milan de Fabio Capello (que tinha sido o único clube italiano a se sagrar campeão invicto na história). Numa partida eletrizante, o São Paulo esteve duas vezes em vantagem, com gols de Palhinha e Cerezo, mas Massaro e Papin pareciam estar decididos a estragar a festa. Quando o juiz já consultava o relógio, Muller fez valer a sua marca de predestinado e marcou um gol que jogou um balde d'água no Milan. São Paulo bicampeão Mundial!
     Telê Santana ficou cinco anos no São Paulo. Neste período, venceu todas as competições possíveis de serem vencidas por um clube paulista (exceto a Copa do Brasil): Campeonato Paulista e Brasileiro, Libertadores, Copa Conmebol, Supercopa da Libertadores, Recopa da Libertadores, além do Torneio Ramón de Carranza e Teresa Herrera. Jamais um outro clube brasileiro tinha vencido tanto.

Fonte: Site São Paulo FC acesso agosto de 2002:

RECORDAR É TORCER!!!!

Assim era a página do SPFC em agosto/setembro de 2002.
Assim era a página do SPFC em OUTUBRO de 2004.

Assim era a página do SPFC em JULHO de 2013.

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